quarta-feira, 21 de abril de 2010

Somos reflexos de nossos ancestrais?


Muito se fala sobre as ações e comportamentos dos períodos pré-industrial e atual na relação homem e natureza, problemas causados não só por uma falta de gestão eqüitativa e serena nessa ligação entre as partes, porém de uma incontestável exploração sobre o lado em que até o momento não litiga os danos causados a si – a natureza.

Sempre acabamos seguindo algumas idéias prontas, muitas vezes impostas sobre diversos temas, e não seria diferente com relação aos assuntos em pauta, já que estes são importantes para alguns. Assim também acontece na temática do meio ambiente e ecologia, quando esta mostra as relações das sociedades aborígines e suas interações com a natureza, e nós os reconhecemos como os detentores de uma vasta sabedoria de gestão e equilíbrio ao bem natural apenas quando comparados a nós, que somos a parte exploradora e pensamos ter o poder de mudança no ambiente em que vivemos. Então, as idéias são passadas para nós e hoje nos culpamos em apenas desfrutar da mesma, de forma positiva.

Alguns antropólogos discutem a relação das civilizações primatas e o uso de suas tecnologias ao meio ambiente no contexto de sua formação, e mostram que a mesma já apresentava ações predatórias, e não harmônicas com o meio, em níveis menores, porém significantes ao ecossistema. Segundo a tese de Paul Martin, há 12 mil anos, as populações que habitaram ao norte do continente americano foram responsáveis pela extinção de mamíferos como os mamutes, mastodontes, entre outros, sendo chamados de caçadores paleolíticos. Dessa forma, foram sendo moldadas as primeiras formações sociais, nas quais os primatas foram deixando o modelo de nômades e passaram a habitar uma área específica, a viver do que aquele ambiente poderia lhes proporcionar como benefícios de alimentação e conforto, passando a desenvolver novos hábitos incongruentes ao ecossistema, e mais uma vez modificando a natureza. Essas civilizações são as possíveis responsáveis pela disseminação de infecções contemporâneas (tuberculose, antraz, brucelose etc.) a partir da domesticação de plantas e animais, entre o contato direto, o consumo dos produtos e derivados dos mesmos, aborda Ronald Barrett no artigo “Emerging and Re-emerging infectious diseases: The Third Epidemiologic Transition”.


Porém, não podemos generalizar, assim como em nosso tempo existem os usurpadores, que apoderam-se dos recursos de forma violenta e sem escrúpulos, temos também pessoas de clara consciência. Há exemplos de civilizações autóctones no passado e presente que demonstram manifestar equilíbrio e uma inter-relação com a natureza, utilizando o que hoje muitos chamam de ecologia profunda, mesmo que de uma forma particular do seu grupo. Podemos encontrar alguns povos indígenas no continente americano e pequenas formações sociais no oriente, cada qual com o seu modelo de gestão baseado em filosofias perenes ou crenças espirituais de preservação de sua comunidade e do ambiente. Todavia, não adianta ficarmos culpando nossos ancestrais por erros no passado, agora isso apenas deve servir de base para que as ações deles não se repitam através das nossas, cabendo a nós a reparação e administração do que ainda existe, e seguir o lema do desenvolvimento sustentável em ação, para que as gerações futuras também possam desfrutar dos recursos naturais de forma abundante.